sexta-feira, 31 de agosto de 2012

ISO 20121 - Sistemas de gestão para sustentabilidade de eventos

A realização de qualquer evento, independente do porte, gera impactos positivos e negativos. Diante da atual configuração social, os impactos negativos não são mais aceitos com facilidade pelos diferentes públicos com os quais uma organização se relaciona. Por isso, o estabelecimento de critérios sustentáveis na execução de eventos é uma decisão estratégica e necessária. 

Publicada em 14 de junho, a ISO 20121 especifica os requisitos de um sistema de gestão para sustentabilidade de eventos, de qualquer tipo, ou atividades relacionadas a eventos, bem como fornece orientações sobre a conformidade com esses requisitos. No entanto, a norma não visa certificação, pois se trata de uma recomendação. 

O Sistema visa à melhoria da gestão da sustentabilidade em todo o ciclo de desenvolvimento de um evento. Pode ser aplicado a qualquer encontro social ou empresarial, de pequeno ou grande porte, com ou sem fins lucrativos, realizado por organizações públicas ou privadas. 

Um evento possui três fases básicas: pré-evento, transevento e pós-evento. Em cada uma das fases existem itens que devem ser observados para garantir que o evento seja executado levando em consideração as premissas do desenvolvimento sustentável – economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente correto e culturalmente aceito. 

Economicamente um evento pode ser lucrativo se analisado sob o viés financeiro, mas se incluirmos os impactos socioambientais o resultado pode não ser tão positivo. Por isso, é preciso conhecer esses impactos, e incluir uma proposta de redução ou até mesmo de mitigação já no planejamento do evento. 

São muitos os impactos negativos que um evento pode gerar. Na perspectiva ambiental eles são grandes consumidores de recursos como água e energia e produzem quantidades elevadas de CO2. A produção de materiais promocionais e de identidade visual também ganha destaque na perspectiva ambiental. No âmbito social, os impactos perpassam dilemas como a gestão de fornecedores, mão de obra contratada, impacto nas comunidades. 

Se você trabalha com eventos, é importante que esteja atento a essa norma e se capacite para aplicá-la sempre que possível. Mais do que um diferencial, você está dando o exemplo. 

Para adquirir a norma acesse o site da ABNT.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Luz no Cárcere

Importante perceber/conhecer/entender a realidade por trás das paredes de um presídio. Na verdade, acredito que todo mundo deveria ter a experiência de visitar um presídio, ou mesmo uma casa como a FASE. Me cansa os discursos revoltados de "cidadãos" defendendo que preso deve sofrer como punição pelos erros que cometeram. Não sou inocente de pensar que todos os presos podem ser reabilitados e de que todos são injustiçados, mas convoco a classe média/alta (que se diz cerceada pelo crime) a estabelecer um pensamento crítico, baseado em estatísticas.

Segundo o site do Ministério da Justiça, entre 1995 e 2005 a população carcerária do Brasil saltou de pouco mais de 148 mil presos para 361.402, o que representou um crescimento de 143,91% em uma década. Será mero acaso ser esse período o de maior desenvolvimento econômico/tecnológico de nosso país, com grande aumento da desigualdade social? Como ocorre no restante do Brasil, a população carcerária é formada por jovens, pobres, homens com baixo nível de escolaridade. 

No último relatório divulgado em junho deste ano pelo Departamento Penitenciário Nacional, podemos verificar alguns pontos interessantes:
  • População carcerária atual é de 549.577 mil pessoas;
  • Arredondando, 28 mil são analfabetos, 65 mil são alfabetizados, 228 mil tem ensino fundamental incompleto e 57 mil ensino fundamental completo, ou seja, 69% da população carcerária não teve uma educação decente;
  • 260 mil tem menos de 30 anos;
  • Mais de 50%, 291 mil, são pretos ou pardos.

Veja dos dados completos aqui.

Não parece óbvio que esses jovens, vítimas de uma sociedade falida, histérica e individualista, precisam de oportunidade para se tornarem cidadãos de fato e de direito? E não vou nem falar da necessidade de investimento em educação (fundamental, média e técnica) e cultura como forma de ampliar as opções dos jovens, bem como o seu pensamento crítico, para que possam trilhar um caminho mais humano.

E você que se acha um crítico social de alto gabarito, cheio de razão em suas convicções, deixe o seu cappuccino de lado e encontre a sua "mea culpa" nessa história (e em todas as outras), porque todos temos.

O belo trabalho realizado pela Carmela Grune, e que você poderá conferir no vídeo, me deixa satisfeita com a humanidade.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A Sustentabilidade que aprendi com meus pais


Desde que iniciei minha carreira em sustentabilidade eu tenho testemunhado a confusão de diversas pessoas quando se deparam com o tema, inclusive de pessoas que se dizem especialistas. E isso me assusta!

Alguns autores defendem que a Sustentabilidade deve ser vista como outra forma de ver o mundo, outra forma de fazer negócios, nada além disso. Mas eu digo que sustentabilidade deve ser percebida com a antiga forma de ver o mundo, de se relacionar com as pessoas e com o ambiente ao nosso redor.

Se observarmos a sustentabilidade a partir de um amplo movimento para enfrentar o desequilíbrio econômico x social x ambiental, perceberemos que estamos nos referindo aos mais antigos hábitos e costumes, aos ensinamentos da infância. Enfim, o antigo caminho do não desperdício dos recursos, tanto econômicos quanto ambientais, e principalmente do respeito pelas pessoas. Duvida? Então vejamos...

Nada me parece mais sustentável do que as lições que aprendi com meus pais, ainda quando era criança.:

  • Minha mãe dizia quando me dava o dinheiro do lanche "Se você gastar tudo essa semana, ficará outras três sem nada (medo)" - Gestão eficiente dos recursos financeiros. 
  • E todo o papo de repartir a merenda com um colega que não tinha? Baita lição de compartilhamento, comunidade e espírito coletivo, não acha? 
  • Quanto aos puxões de orelha para não deixar a luz acesa, a torneira aberta, comida no prato... - lições de uso consciente dos recursos. 
  • Como morávamos em casa, os resíduos orgânicos eram utilizados como adubo para as plantas - compostagem.
  • Na época não tinha coleta seletiva, mas o lixo doméstico era condicionado em latões de lixo que, quando cheios, eram dispostos na frente de casa e o caminhão do lixo passada e descarregava o conteúdo deixando o latão vazio novamente (pra que saco de lixo?) - gestão de resíduos sólidos. 
  • Não brigue na rua, resolva seus problemas dialogando - conversação.
  • Tudo o que você faz um dia volta - interdependência.
  • Não fale assim do seu colega, respeite os mais velhos, respeite as opiniões, saiba escutar, não xingue as pessoas, as pessoas são diferentes - diversidade.
  • Ajude os mais necessitados, não dê esmola, compartilhe - gestão social.
  • Defenda as suas ideias, lute pelos seus ideais, não faça coisas que vão contra os seus princípios - empoderamento, senso ético.

Ou seja, o conceito de sustentabilidade cruza inevitavelmente o caminho do comportamento integrado, sensato e ético. Leve todos esses ensinamentos para o mundo empresarial e teremos uma Gestão Sustentável – com o econômico, o social e o ambiental tudo junto numa coisa só.

Desenvolvimento econômico calcado nos conceitos de duplo valor, utilização sensata e inteligente dos recursos naturais e coesão social... Isso é Sustentabilidade.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Ops... vazou!

Essa semana a Lojas Marisa veiculou a sua campanha primavera-verão 2012. Fazendo, claramente, alusão ao escândalo do vazamento das fotos da Carolina Dieckmann nua, ocorrido em maio deste ano, o vídeo pode ser considerado no mínimo antiético, para não dizer abusivo, pejorativo e ofensivo.

O que dizer de uma empresa que se aproveita de uma situação desfavorável envolvendo uma atriz que em 2009 foi a garota propaganda da marca, ou seja, foi paga para vender a imagem da empresa (em uma campanha muito mais inteligente, diga-se de passagem)? Prefiro acreditar que a Lojas Marisa teve apenas uma ideia infeliz e incoerente com o seu slogan "de mulher pra mulher".


Uma empresa que pretende estar lado a lado com a mulher brasileira, cujo quadro de trabalhadores é composto por 70% de mulheres, não pode ser conivente e incentivar atitudes como roubo de informação privada e publicação da intimidade das mulheres, seja famosa ou não.

Sinto dizer mas, dessa vez, a Marisa mandou mal!