Em pesquisas recentes, tanto
nacionais quanto internacionais, é possível perceber o aumento do número de
executivos preocupados com o tema sustentabilidade. No entanto, trata-se de uma
preocupação aparente na medida em que não gera ações efetivas. Um exemplo disso
é que, em sua maioria, os executivos ainda não colocaram a sustentabilidade na
agenda estratégica de suas organizações. Isso pode ser verificado inclusive
durante o processo de elaboração do Relatório de Sustentabilidade que, mesmo
sendo um documento estratégico, é tratado como processo operacional onde o
corpo executivo se envolve muito pouco.
Apesar do crescente interesse dos
stakeholders por informações que extrapolem o viés financeiro, ainda são poucas
as organizações que se submetem a utilizar diretrizes de relato mais
abrangentes, como a sugerida pela Global Reporting Initiative - organização
social holandesa que se dedica a elaborar e difundir padrões para o relato da
sustentabilidade de empresas, organizações sociais e governos. E mesmo aquelas
organizações que já preparam relatórios mais consistentes, fazem isso de
maneira pouco inteligente ao terceirizar e, muitas vezes, rifar internamente a
responsabilidade dos executivos durante todo o processo de construção do
documento. Além disso, áreas que deveriam agir em colaboração – como Marketing,
Relações com Investidores, Recursos Humanos, entre outros - se limitam a
cumprir cronogramas, sem efetivamente contribuir para a elaboração de um
documento interligado.
A grande confusão em torno do
relatório de sustentabilidade está no entendimento da sua real função. Pois,
além de proporcionar um relato organizado e padronizado das informações
econômicas, sociais e ambientais da organização, o relatório também é uma
ferramenta de gestão da sustentabilidade. Na medida em que ele apresenta
informações de perfil, forma de gestão e indicadores de desempenho, com
controle de metas e organizado para oferecer informações positivas e negativas,
antes da concepção do documento é necessário todo um trabalho de planejamento,
engajamento de stakeholders, definição e gerenciamento de indicadores, controle
de metas, entre outros. No entanto, as organizações, apesar de trabalharem com
controles de metas e indicadores sofisticados, não utilizam essa expertise para
elevar o seu grau de desempenho em sustentabilidade.
Todo esse processo anterior ao
relato é tratado de forma fragmentada e desconectada, resultando em um
relatório pouco funcional e objetivo, onde muitas vezes não é possível
encontrar links entre o perfil, a forma de gestão e os indicadores
apresentados. As informações parecem estar soltas, em capítulos que não se
conversam e sem uma linha de gestão que apresente sua evolução em
sustentabilidade. Neste caso, poucos resultados concretos podem resultar deste
documento.
O que as organizações deveriam
fazer para utilizar o relatório de sustentabilidade de maneira eficiente -
trazendo benefícios para a organização em termos de gestão da sustentabilidade,
imagem corporativa e conexão com stakeholdes - seria se empoderar das ferramentas
e incluir a elaboração do relatório na sua agenda estratégica. Os executivos
devem ser os guardiões deste documento e utilizá-lo como ferramenta para
disseminar conceitos de interdependência, co-gerenciamento e co-criação, tão
necessários para uma gestão sustentável de qualidade.